Uma prova de que as setilhas são uma
modalidade relativamente recente está na ausência quase completa delas na
grande produção de Leandro Gomes de Barros. Sim, porque pela beleza rítmica
que essas estrofes oferecem ao declamador, os grandes poetas não conseguiram
fugir à tentação de produzi-las. Para alguns, as setilhas, estrofes de sete
versos de sete sílabas, foram criadas por José Galdino da Silva Duda, 1866 -
1931. A verdade é que o autor mais rico nessas composições, talvez por se
tratar do maior humorista da literatura, de cordel, foi José Pacheco da Rocha,
1890 - 1954. No poema A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO, do inventivo poeta
pernambucano, encontram estas estrofes:
Vamos tratar da chegada quando Lampião bateu
um moleque ainda moço
no portão apareceu.
- Quem é você, Cavalheiro -
- Moleque, sou cangaceiro -
Lampião lhe respondeu.
- Não senhor - Satanás, disse
vá dizer que vá embora
só me chega gente ruim
eu ando muito caipora
e já estou com vontade
de mandar mais da metade
dos que tem aqui pra fora.
Moleque não, sou vigia
e não sou o seu parceiro
e você aqui não entra
sem dizer quem é primeiro
- Moleque, abra o portão
saiba que sou Lampião
assombro do mundo inteiro.
Fonte: http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/cordel/cordel.htm
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